Depois da festa,
nada tinha a dizer,
só que o mundo acabou.
Completava trinta e oito
embora não fizesse um quatro.
Apontei minha idade
direto prá testa.
Girou a roleta,
girou a vida,
girou o acaso,
girou o tambor,
girou o ocaso
e o mundo acabou.
.................................
Hoje
é tanto tempo!
E ontem
eu já era velho.
...........................................
Já me acostumei a morrer!
O coração prega peças
de pragmatismo sádico.
Feito torturador, que,
repetidas vezes,
ordena
e, à última hora,
suspende
o fuzilamento.
Tiros no peito.
Tiros do peito.
Espera no paredão.
Espera na UTI.
Volta para a vida.
Volta para a luta.
A sobrevivência.
A ideologia.
O iminente fim
por um fim eminente.
O ditador imita o tempo:
exaure, anula, mas passa.
O coração dubla o relógio,
e pode ficar entre o tic e o tac.
(Iano Salomão de Campos, do livro "Bissexto")
segunda-feira, 28 de junho de 2010
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