Onde estará você
nesse azul celeste
que amanhece
este dia saudoso?
Que recado traz de você
essa passarela de sol
que escorre sobre nosso leito
de solitário travesseiro?
Que música nossa sugere
esse vento macio
que sussurra promessas
de reencontros astrais?
Que chuva é esta
que, num dia de sol,
me molha o rosto
e traz gosto de mar?
Onde estão os seus braços
se este aperto no peito
tem jeito de abraço
do medo de chuva?
Eu acho que é tarde,
pois a tarde já vai
pela rua triste e molhada,
como se arrastasse um espelho.
Entre o branco do dia
e o negro da noite,
o ocaso ou seus cabelos
se o perfume é mesmo?
Onde está seu sorriso
nesta boca de céu
que engole outro dia
de busca e paixão?
Onde estará no infinito
seu infinito olhar,
se tantas estrelas eu conto
mas nenhuma me fita?
Por que você não vem
com a madrugada, como eu vinha,
se ansiosa me esperava
como me desespero agora?
Sol , noite, espelho,
leito, tarde, dor,
chuva, sal, estrela;
nada é norte,
tudo é morte!
(Iano Salomão e Campos, do livro "Bissexto")
domingo, 29 de agosto de 2010
Perdoa se não fui forte
como exigia o momento
em que,
no embate com a morte,
fui mais frágil,
fui mais lento.
Perdoa não ser capaz
de milagre, ou de magia
que nos devolvesse a paz
e a tua vida, Maria.
............................................
Perdoa por não ter feito teus
os que então restavam dos meus dias.
Perdoa por não transformar-me em Deus
no momento trágico em que morrias!
(Iano Salomão de Campos, do livro "Bissexto")
como exigia o momento
em que,
no embate com a morte,
fui mais frágil,
fui mais lento.
Perdoa não ser capaz
de milagre, ou de magia
que nos devolvesse a paz
e a tua vida, Maria.
............................................
Perdoa por não ter feito teus
os que então restavam dos meus dias.
Perdoa por não transformar-me em Deus
no momento trágico em que morrias!
(Iano Salomão de Campos, do livro "Bissexto")
sábado, 28 de agosto de 2010
Instante
Besos en los pies
Sangre en la boca
Vino en la vena
Cabeza perdida
Sentimientos cambiantes
Ganas de vivir
Cenizas en la palma de la mano
Futuro fluctuante
Solamente un instante
Inconstante.
(Danielle do Carmo, http://dellcarmo.blogspot.com/search?updated-min=2010-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2011-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=6)
Sangre en la boca
Vino en la vena
Cabeza perdida
Sentimientos cambiantes
Ganas de vivir
Cenizas en la palma de la mano
Futuro fluctuante
Solamente un instante
Inconstante.
(Danielle do Carmo, http://dellcarmo.blogspot.com/search?updated-min=2010-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2011-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=6)
A saga dos cegos
A Saga dos Cegos I
O maior cego é aquele que não quer ver. (dito popular)
O pior é o que sempre viu.
O mais sensato é o que fechou os olhos.
A Saga dos Cegos II
E os dias mais dias, as vidas mais vivas - você mais perto. Enxergo, não nego, mas, sou guiado pela emoção, esta, sim, a mais clara visão.
A Saga dos Cegos III
O mais cego dos cegos é aquele que mentiram para ele.
(Moysés Siqueira, http://palavrasnasveias.blogspot.com/2009/03/saga-dos-cegos-i-o-maior-cego-e-aquele.html)
O maior cego é aquele que não quer ver. (dito popular)
O pior é o que sempre viu.
O mais sensato é o que fechou os olhos.
A Saga dos Cegos II
E os dias mais dias, as vidas mais vivas - você mais perto. Enxergo, não nego, mas, sou guiado pela emoção, esta, sim, a mais clara visão.
A Saga dos Cegos III
O mais cego dos cegos é aquele que mentiram para ele.
(Moysés Siqueira, http://palavrasnasveias.blogspot.com/2009/03/saga-dos-cegos-i-o-maior-cego-e-aquele.html)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
DD
Dentre dicas diatônicas
Dóceis Drummondianas
Dúvidas destacáveis:
Dissonante doravante?
Desastrosos descompassos?
De repente diz-me, dilaceradamente
Deixe dactilar dó-a-dó, dia-a-dia
Debulhando dedos devidos
Dezenas de dados, diretrizes
Desordenados e decorrentes
De cor, declinantes e derivados.
Deduzíveis, dedicados e deferentes.
Déficit, definha! Deleta deveras demente.
Demoníaco dentre denegridos dizeres.
Devo, denominadamente
Deleitável denúncia
De desabafar desacorde dito
Diversificadas doses e ditosos destaques:
Daniel, drunk, dedico!
Yussef Salomão, BsAs, 23 de agosto de 2010
Dóceis Drummondianas
Dúvidas destacáveis:
Dissonante doravante?
Desastrosos descompassos?
De repente diz-me, dilaceradamente
Deixe dactilar dó-a-dó, dia-a-dia
Debulhando dedos devidos
Dezenas de dados, diretrizes
Desordenados e decorrentes
De cor, declinantes e derivados.
Deduzíveis, dedicados e deferentes.
Déficit, definha! Deleta deveras demente.
Demoníaco dentre denegridos dizeres.
Devo, denominadamente
Deleitável denúncia
De desabafar desacorde dito
Diversificadas doses e ditosos destaques:
Daniel, drunk, dedico!
Yussef Salomão, BsAs, 23 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Amo-te como quem toca um violão:
Em silêncio, em harmonia,
Mesmo dissonante na menor melodia
À luz do dia com a alma errante.
Acaricio teus cabelos como se cordas fossem,
Afago-te os seios como em um acorde trôpego,
Envolvo-te em meus braços num encaixe perfeito,
Feito isso, mergulho em teus lábios, já sem fôlego.
Amo-te como um sopro ao vento,
Contribuição inócua própria dos amantes,
Mas repleto de canção, dor e lamento,
Triste pela nota dispersa em vão assobio.
Assim, adio meu tormento,
Cancelo meu sorriso,
Caminho sujo, tonto e vadio
E divulgo todo meu sofrimento.
Amo-te, simplesmente, amo-te.
Distante porque amo-te.
Perdido já que amo-te.
E, assim, sofro, castigo-me e puno-me.
Ainda amo-te.
Yussef, 12/09/2009 – Pelotas-RS
Em silêncio, em harmonia,
Mesmo dissonante na menor melodia
À luz do dia com a alma errante.
Acaricio teus cabelos como se cordas fossem,
Afago-te os seios como em um acorde trôpego,
Envolvo-te em meus braços num encaixe perfeito,
Feito isso, mergulho em teus lábios, já sem fôlego.
Amo-te como um sopro ao vento,
Contribuição inócua própria dos amantes,
Mas repleto de canção, dor e lamento,
Triste pela nota dispersa em vão assobio.
Assim, adio meu tormento,
Cancelo meu sorriso,
Caminho sujo, tonto e vadio
E divulgo todo meu sofrimento.
Amo-te, simplesmente, amo-te.
Distante porque amo-te.
Perdido já que amo-te.
E, assim, sofro, castigo-me e puno-me.
Ainda amo-te.
Yussef, 12/09/2009 – Pelotas-RS
Cadência, amor, cadência!
Exige-me vagar e paciência,
pé ante pé no furor de meu amor,
ansioso, valente e cheio de despudor
na espera, apesar de sua indolência.
Furto-te, agora, horas e beijos
Como investimento nos dias porvir
e com o pensamento em meu devir
a saber que sem ti todo me aleijo.
Cadência, amor, cadência?
Nosso amor não é samba-canção,
que se constrói em valores vadios,
em arrependimentos tardios
ou em convulsões do coração.
Embora os entraves passados,
não há de vingar toda aquela dor
deixe teu carinho e sorriso desatados
e corre para os meus braços repleta de amor.
Yussef Salomão, 25/09/2009
Exige-me vagar e paciência,
pé ante pé no furor de meu amor,
ansioso, valente e cheio de despudor
na espera, apesar de sua indolência.
Furto-te, agora, horas e beijos
Como investimento nos dias porvir
e com o pensamento em meu devir
a saber que sem ti todo me aleijo.
Cadência, amor, cadência?
Nosso amor não é samba-canção,
que se constrói em valores vadios,
em arrependimentos tardios
ou em convulsões do coração.
Embora os entraves passados,
não há de vingar toda aquela dor
deixe teu carinho e sorriso desatados
e corre para os meus braços repleta de amor.
Yussef Salomão, 25/09/2009
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Canção: UM BLUES PRA VOCÊ CHORAR (Alex Vaz)
Pediu pra eu esquecer
Pega e some de vez
Sem saber que assim era pior
Tá certo que eu pisei na bola, tudo bem
Mas o teu amor não é esmola
Pra quem te trata bem
E tua vida virtual só te deixou na mão
O teu amor não é normal
Ele é ponto com
Não pense que fiquei triste
Pensando em te ligar
Eu preferi fazer um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Que tudo esteja certo
Boa sorte dessa vez
E quando eu estiver perto, procure não me ver
Se a minha felicidade te incomoda
O que eu posso fazer?
Fuja!
Tente viver e ver que tua vida virtual só te deixou na mão
O teu amor não é normal
Ele é ponto com
Não pense que eu fiquei triste
Pensando em te ligar
Eu preferi fazer um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Um blues pra você chorar um pouquinho por mim
(ouça essa música da Canastra Suja em http://www.canastrasuja.com/)
Pega e some de vez
Sem saber que assim era pior
Tá certo que eu pisei na bola, tudo bem
Mas o teu amor não é esmola
Pra quem te trata bem
E tua vida virtual só te deixou na mão
O teu amor não é normal
Ele é ponto com
Não pense que fiquei triste
Pensando em te ligar
Eu preferi fazer um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Que tudo esteja certo
Boa sorte dessa vez
E quando eu estiver perto, procure não me ver
Se a minha felicidade te incomoda
O que eu posso fazer?
Fuja!
Tente viver e ver que tua vida virtual só te deixou na mão
O teu amor não é normal
Ele é ponto com
Não pense que eu fiquei triste
Pensando em te ligar
Eu preferi fazer um blues pra você chorar um pouquinho por mim
Um blues pra você chorar um pouquinho por mim
(ouça essa música da Canastra Suja em http://www.canastrasuja.com/)
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Canção: Um brinde (Roberto Sousa/Iano Salomão)
Um brinde a vida
E a emoção.
Ao sorriso,
Aos amigos,
Aos felizes de plantão.
Um brinde a toda ferida,
Aberta nas pedras da vida,
Um brinde a quem já sangrou de paixão.
Um brinde a quem
Conviveu com o não.
Com dedo em riste,
E não desiste
De assumir a contramão.
Um brinde ao amor, se ele existe.
Um brinde ao poeta, se triste.
Segundo Vinícius, a definição.
Um brinde a quem se casou
Com a saudade,
E trai com a felicidade
Um brinde a quem canta o amor
Seja por que ou quem for
Um brinde ao nosso compositor.
E a emoção.
Ao sorriso,
Aos amigos,
Aos felizes de plantão.
Um brinde a toda ferida,
Aberta nas pedras da vida,
Um brinde a quem já sangrou de paixão.
Um brinde a quem
Conviveu com o não.
Com dedo em riste,
E não desiste
De assumir a contramão.
Um brinde ao amor, se ele existe.
Um brinde ao poeta, se triste.
Segundo Vinícius, a definição.
Um brinde a quem se casou
Com a saudade,
E trai com a felicidade
Um brinde a quem canta o amor
Seja por que ou quem for
Um brinde ao nosso compositor.
Muito a dizer
Seria quase fatídico. Qualquer posição de cunho autárquico, se tornaria semântica, ou quase reciprocamente unilateral. Ninguém queria isto.
Muito mais correto seria, se liberar as contingências vigentes naquele momento. Edificaria, de uma forma ou de outra, sem problemas para todos nós.
Mas há sempre aqueles que, sorrateiramente, coaxam leis uterinas, buscando nos levar as raias da pertinência bucólica, só com interesses espasmódicos ou líricos. Mais uma vez, não interessava a nenhum de nós. Casuísmo? - Vaticínio? - Anfibismo? - não, somente a demagogia pedagógica dos envolvimentos, como um subterfúgio, que só as mentes que têm vernáculos escusos nos ousam falar. Não, definitivamente, não!
Mas vida que segue. São híbridos fecundos de uma só opinião pluralista. São usuários pertinentes dos devaneios marxistas. Corja de croatas.
Se eles soubessem que o dogma é uma artrose condensadora, seriam mais prolixos, menos cosmopolitas. Sobraria solidariedade na plenitude do desenvolvimento arcaico, sem pena de perder o conforto de uma vida de cunho social, eminentemente isolada dos homens.
Mas não serei eu a emitir a primeira pedra. Estou a margem do egocentrismo que envolve as nuances perigosas das personalidades cabalísticas que nos rodeiam. Cuidado, você! - os eunucos discrepantes estão aí ! - os pinçadores de maneirismos, podem deixá-lo isento da liberdade hipócrita, e pior, exarcebá-lo, desde as entranhas, ao ápice de sua velhice pueril, tão sofrida, tão efêmera, como a deste que vos fala ...
(Baptistinha)
Muito mais correto seria, se liberar as contingências vigentes naquele momento. Edificaria, de uma forma ou de outra, sem problemas para todos nós.
Mas há sempre aqueles que, sorrateiramente, coaxam leis uterinas, buscando nos levar as raias da pertinência bucólica, só com interesses espasmódicos ou líricos. Mais uma vez, não interessava a nenhum de nós. Casuísmo? - Vaticínio? - Anfibismo? - não, somente a demagogia pedagógica dos envolvimentos, como um subterfúgio, que só as mentes que têm vernáculos escusos nos ousam falar. Não, definitivamente, não!
Mas vida que segue. São híbridos fecundos de uma só opinião pluralista. São usuários pertinentes dos devaneios marxistas. Corja de croatas.
Se eles soubessem que o dogma é uma artrose condensadora, seriam mais prolixos, menos cosmopolitas. Sobraria solidariedade na plenitude do desenvolvimento arcaico, sem pena de perder o conforto de uma vida de cunho social, eminentemente isolada dos homens.
Mas não serei eu a emitir a primeira pedra. Estou a margem do egocentrismo que envolve as nuances perigosas das personalidades cabalísticas que nos rodeiam. Cuidado, você! - os eunucos discrepantes estão aí ! - os pinçadores de maneirismos, podem deixá-lo isento da liberdade hipócrita, e pior, exarcebá-lo, desde as entranhas, ao ápice de sua velhice pueril, tão sofrida, tão efêmera, como a deste que vos fala ...
(Baptistinha)
Dez do Dois
Caro Dr. Iano,
Meu mais novo
Amigo de infância.
Deus permita que esse ano,
Sua rima, rime comigo.
Nem que seja na ânsia.
Mais uma
Na Parede,
Não é ode à Vitória.
Mais instiga nossa sede,
Mais onera a nossa história.
Sorrindo dos nossos tropeços,
A vida sempre nos perdoa.
Ela sabe que há vários começos.
E o final, é sempre numa boa.
O dia de hoje,
Só vale para a certidão.
A gente nasce todo dia.
Morre, durante.
Mas ressuscita na noite.
Um abraço, se te dão,
Toma lá o nosso, também:
Alice, Bruno e Maíra,
Alexandre, Roberto e Amém.
(Baptitstnha)
Meu mais novo
Amigo de infância.
Deus permita que esse ano,
Sua rima, rime comigo.
Nem que seja na ânsia.
Mais uma
Na Parede,
Não é ode à Vitória.
Mais instiga nossa sede,
Mais onera a nossa história.
Sorrindo dos nossos tropeços,
A vida sempre nos perdoa.
Ela sabe que há vários começos.
E o final, é sempre numa boa.
O dia de hoje,
Só vale para a certidão.
A gente nasce todo dia.
Morre, durante.
Mas ressuscita na noite.
Um abraço, se te dão,
Toma lá o nosso, também:
Alice, Bruno e Maíra,
Alexandre, Roberto e Amém.
(Baptitstnha)
Muitos, são poucos
Quando se confrontam.
Se tornam loucos.
O berro vira sussurro.
Os olhos no chão.
As mãos se procuram,
Num ato inseguro.
Poucos, são muitos,
Quando se encontram.
O silêncio é um grito.
Um soco no queixo.
O pé, no colo desse chão,
Afaga a terra feito mão.
- Não quero, não deixo !
Muitos, são muitos,
Para muito poucos.
(Baptistinha, 1968)
Quando se confrontam.
Se tornam loucos.
O berro vira sussurro.
Os olhos no chão.
As mãos se procuram,
Num ato inseguro.
Poucos, são muitos,
Quando se encontram.
O silêncio é um grito.
Um soco no queixo.
O pé, no colo desse chão,
Afaga a terra feito mão.
- Não quero, não deixo !
Muitos, são muitos,
Para muito poucos.
(Baptistinha, 1968)
Você duvida?
A Vida, amiga, não é água com açúcar
É luta, é guerra com petardo de bazuca
Sujeita a tombo, cacetada e esparrela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Onda caixote, dessas que roubam calção,
Agulha e linha pra quem tem vista cansada,
Sol de meio dia pra cacunda branquicela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Batata quente, sem bebida ao alcance,
Bola na área, gol perdido num relance,
É mordida na língua, é pingo de vela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Chefe zangado, empregado indolente,
Papo de gente burra, que se acha inteligente,
Faca nas costas, gargalhada amarela,
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Imprevisível, é vontade de mulher.
Jogo de azar, esperar volta da sorte
Qualquer hora passa o bastão pra morte
Esta sim, amiga, eu não faço gosto dela ...
(Baptistinha, 1977)
É luta, é guerra com petardo de bazuca
Sujeita a tombo, cacetada e esparrela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Onda caixote, dessas que roubam calção,
Agulha e linha pra quem tem vista cansada,
Sol de meio dia pra cacunda branquicela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Batata quente, sem bebida ao alcance,
Bola na área, gol perdido num relance,
É mordida na língua, é pingo de vela
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Chefe zangado, empregado indolente,
Papo de gente burra, que se acha inteligente,
Faca nas costas, gargalhada amarela,
E você pensa que eu não faço gosto dela ?
Imprevisível, é vontade de mulher.
Jogo de azar, esperar volta da sorte
Qualquer hora passa o bastão pra morte
Esta sim, amiga, eu não faço gosto dela ...
(Baptistinha, 1977)
Minha Sen-hora Inspiração
Quem sabe, de novo, a mesma musa,
Profana e confusa, dos meus vinte anos,
Agora com os cabelos da cor do
Sol nascente, se apossa de mim !
A gente se encontra, conversa,
Ri, bebe e versa sem conta.
E o mundo em volta passa a ser nada.
A alma se enleva, plena, purgada.
E até talvez, os mesmos personagens,
Os tantos quantos eu já fui,
Nos acompanhe nesta viagem.
- Fala do Amor ...
- Sai pôr si, derrama-se,
brota gota a gota, como o sangue de uma ferida.
- Da Morte ...
- É leve, se lhe pesa a vida.
- Da Dor ...
- Considere o verso acima.
- Da Vida ...
- De sobra conheço a vida,
Tanto para continuar errando a rima.
E vamos pela noite
Nos embriagando de prazer e graça.
Sentindo, vez pôr outra,
Gosto de sangue no fundo da taça.
E a Inspiração segue,
Petulante, linda, satânica, cruel.
Ninguém atinava, naquele momento,
Que eu estava bem pertinho do céu ...
(Baptistina, 1983)
Profana e confusa, dos meus vinte anos,
Agora com os cabelos da cor do
Sol nascente, se apossa de mim !
A gente se encontra, conversa,
Ri, bebe e versa sem conta.
E o mundo em volta passa a ser nada.
A alma se enleva, plena, purgada.
E até talvez, os mesmos personagens,
Os tantos quantos eu já fui,
Nos acompanhe nesta viagem.
- Fala do Amor ...
- Sai pôr si, derrama-se,
brota gota a gota, como o sangue de uma ferida.
- Da Morte ...
- É leve, se lhe pesa a vida.
- Da Dor ...
- Considere o verso acima.
- Da Vida ...
- De sobra conheço a vida,
Tanto para continuar errando a rima.
E vamos pela noite
Nos embriagando de prazer e graça.
Sentindo, vez pôr outra,
Gosto de sangue no fundo da taça.
E a Inspiração segue,
Petulante, linda, satânica, cruel.
Ninguém atinava, naquele momento,
Que eu estava bem pertinho do céu ...
(Baptistina, 1983)
Enha!!
Eu esperei das sete e meia
Às nove e meia
Falando no seu nome
E de cronômetro na mão
Cada batida, ti-li-lim
Do telefone,
Saía do compasso
O meu pobre coração
Por aquela porta,
Que se abria toda hora,
Saía minha vida, pouco à pouco,
Deixando a alma de plantão
Quem já passou por isso,
Tem noção do sofrimento
E sabe que é bem melhor
Não se fazer um juramento
Amor eterno,
Passaporte pro inferno
E você não entra pela porta
Acho que já nem mais importa
Agora mesmo é que
Eu não quero que você venha
Descobri outra você
Ali naquela mesa, enha !!
(Baptistinha, 1990)
Às nove e meia
Falando no seu nome
E de cronômetro na mão
Cada batida, ti-li-lim
Do telefone,
Saía do compasso
O meu pobre coração
Por aquela porta,
Que se abria toda hora,
Saía minha vida, pouco à pouco,
Deixando a alma de plantão
Quem já passou por isso,
Tem noção do sofrimento
E sabe que é bem melhor
Não se fazer um juramento
Amor eterno,
Passaporte pro inferno
E você não entra pela porta
Acho que já nem mais importa
Agora mesmo é que
Eu não quero que você venha
Descobri outra você
Ali naquela mesa, enha !!
(Baptistinha, 1990)
Poeta No-Turno
Em meio a madruga,
Um vulto seminu,
Com uma tosse taluda,
Peteleca uma binga,
Que salta da janela
Como um vaga-lume suicida.
O ar da noite, suga,
Puro Feijão Cru.
Fareja, talvez, a tartaruga.
- Meleca de catinga !
Some na luz que há nela.
Inda não é a despedida
Volta, com certeza.
Solta um putamerda !
Pintou a inspiração,
Ou pela falta dela.
Levanta da telinha
Roda e deságua na janela
Volta, com firmeza.
Outro putamerda !
Faz frio, faz não.
Um poema ou ela ?
Desliga a telinha.
Roda e deságua dentro dela.
(Baptistinha, 1995)
Um vulto seminu,
Com uma tosse taluda,
Peteleca uma binga,
Que salta da janela
Como um vaga-lume suicida.
O ar da noite, suga,
Puro Feijão Cru.
Fareja, talvez, a tartaruga.
- Meleca de catinga !
Some na luz que há nela.
Inda não é a despedida
Volta, com certeza.
Solta um putamerda !
Pintou a inspiração,
Ou pela falta dela.
Levanta da telinha
Roda e deságua na janela
Volta, com firmeza.
Outro putamerda !
Faz frio, faz não.
Um poema ou ela ?
Desliga a telinha.
Roda e deságua dentro dela.
(Baptistinha, 1995)
Ai esses seus 28!
Me deixam tão afoito
Que enxergo neles
Vultos de predestinação!
O “2” somos nós:
Pele e ferida,
Verso e o outro lado,
Maça e mordida.
Boca e beijo,
Tejo e Fado,
Tango e Desejo.
O “8” é o coringa:
Deite-o e terá o infinito
Ou par de óculos
Ou algema de milico.
Umbigos roçados
De casal em ósculos
Ardentes e escamoteados.
Vejo sim nós “2”
Em inúmeras danças
Com um “8” deitado
Tal qual par de alianças.
(Yussef Salomão, 06 de maio de 2010).
Me deixam tão afoito
Que enxergo neles
Vultos de predestinação!
O “2” somos nós:
Pele e ferida,
Verso e o outro lado,
Maça e mordida.
Boca e beijo,
Tejo e Fado,
Tango e Desejo.
O “8” é o coringa:
Deite-o e terá o infinito
Ou par de óculos
Ou algema de milico.
Umbigos roçados
De casal em ósculos
Ardentes e escamoteados.
Vejo sim nós “2”
Em inúmeras danças
Com um “8” deitado
Tal qual par de alianças.
(Yussef Salomão, 06 de maio de 2010).
Quebrou o espelho
que o envelhecia,
fechou a janela,
amordaçando as ruas,
escovou os dentes
e cuspiu mais um dia,
feito um conta-gotas
esvaindo a vida.
Tentou dormir,
mas anteviu a manhã
e o nó da gravata
e o elevador
e as profundezas
do cotidiano.
Preferiu, insone,
ter-se a si mesmo,
só e a salvo,
egoisticamente.
(Iano Salomão de Campos, do livro "Bissexto").
que o envelhecia,
fechou a janela,
amordaçando as ruas,
escovou os dentes
e cuspiu mais um dia,
feito um conta-gotas
esvaindo a vida.
Tentou dormir,
mas anteviu a manhã
e o nó da gravata
e o elevador
e as profundezas
do cotidiano.
Preferiu, insone,
ter-se a si mesmo,
só e a salvo,
egoisticamente.
(Iano Salomão de Campos, do livro "Bissexto").
terça-feira, 3 de agosto de 2010
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